quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Seis Perguntas para o Hansen. Por Jefferson Nunes e Helder Maldonado




Hansenharryebm, Johnny Hansen, ou o grandalhão esquisito que toca guitarra e canta na banda H.A.R.R.Y. Não importa a maneira como você conhece esse guitarrista que foi um dos pioneiros ao misturar a música eletrônica com o rock. O importante é saber um pouco mais sobre o que pensa um dos seres mais contraditórios e polêmicos que já pisaram em um palco no Brasil. Hansen é do tipo que não mede consequências ao emitir opiniões. Por isso, não teme ser declaradamente amante de "chuva dourada", a favor do porte de armas, entre outros comportamentos e temas controversos. Mas a forma como expõe seus ideais não causa ódio gratuito por parte de quem defende opiniões contrárias. 

De forma alguma. Hansen é dono de um carisma especial e, ainda por cima, tem um senso de humor apurado. O que faz com que suas frases de efeito e observações enviesadas sobre temas espinhosos acabem sendo interpretadas de uma maneira pouco conflituosa por parte de quem discorda. Não acredita? Leia a entrevista abaixo e conheça um pouco mais sobre o polêmico Johnny Hansen.


1) Tocaria com algum artista que odeia do fundo do coração, como Hebert Vianna?

Hansen - Não sei de onde tiraram essa idéia de que eu odeio o Herbert, eu não odeio nem baratas, só as mato pq é o certo a fazer. Mas sim, tocaria se a grana compensasse. Hoje me arrependo de não ter equilibrado as coisas e não ter levado uma carreira paralela como instrumentista, acompanhando quem quer que fosse, mas o problema é que guitarra bem tocada e drogas em excesso não são uma boa mistura. Mas sem o meu periodo junkie (1985-1991) eu jamais poderia ter concebido o som do H.A.R.R.Y.

2) O que é mais deprê: ficar sem grana ou ter que trampar em um set de filmes pornô?

Hansen - Eu não sou muito ambicioso, nem materialista. A unica coisa para que eu precisaria de dinheiro é a minha G.A.S. (Gear Aquisition Syndrome) para ter uns equipos mais decentes. Trampar com porno (fui assistente de camera e de produção durante mais de 4 anos) é muito divertido no primeiro ano, depois deixa de ser. O astral é muito negativo: os caras se chapam de viagra e brocham, tesão de verdade é a coisa mais ausente de um set de filmagem.

3) Qual seria o tamanho do Harry, se ele tivesse nascido em outro país?

Hansen - Isso é a mesma coisa que perguntar como a minha tia seria se ela fosse o meu tio, caso tivesse nascido com uma jeba. Sei lá, são várias opções, poderiamos ter sido um sucesso estrondoso, um fracasso mais absoluto do que aqui (pela concorrencia abundante, ao contrário do Brasil, bandas boas são coisa comum na civilização), poderiamos ter morrido todos de OD ou acidente aéreo.

4) O que você tem mais ódio na música nacional: De não poder viver do trampo autoral, ou de uma das únicas opções paralelas para ganhar muita grana ser justamente tocar com sertanejos?

Hansen- O que eu tenho mais ódio na musica nacional é pq ela é ruim, ultrapassada e bairrista. Ninguém acertaria que o A-ha é noruegues ou que o Mercyful Fate é dinamarques só de escutar, a musica deve ter um apelo universal. Aqui rola essa coisa do toque regional, se tivessemos um folclore de verdade como o celta, eu poderia até pensar nisso, mas quero que bumba meu boi, xotes e sei lá mais o que vão se foder. O Álvaro Pereira Jr contou que um dj australiano tocou o Harry no programa dele para exemplificar que o lugar de onde uma banda vem pode não influir absolutamente nada no som que fazem. Achei do caralho isso.


5) Por que trocou os sons sintetizados, pelo som da guitarra elétrica?

Hansen - Eu não troquei, eu estou voltando às origens. Eu sempre fui um guitarrista, o problema é que o conceito original do Harry, que era a mistura do electronico com o rock, foi sendo abandonado, primeiro limando a bateria de verdade e depois reduzindo o papel da guitarra a quase nada (e como eu me drogava muito, não me importei na época). Voltei a pegar firme na guitarra há apenas uns 2 anos, ela chegou a ficar uns 10 sem sair do bag. Deve ser autoafirmação de meia idade, ou até não, afinal shredders são criaturas desprezadas até mesmo entre os guitarristas mais convencionais, e é o nicho onde me encaixo e com orgulho, rsrsrs.

6) Por que você odeia os anos 90 ?

Hansen- Eu não odeio os anos 90, rolaram séries de tv do caralho e quadrinhos bons pra caralho (estes só na 1a metade da década). Musica? Aí complica, montes de banda ruins (e efemeras, quem se importa com Ruby, Senseless Things, Come ou Judybatts hoje em dia?) e as bandas boas dos 80s lançando discos ruins, e o pior, os produtores desaprenderam como gravar de maneira a vc distinguir os instrumentos uns dos outros. A prova é que discos de bandinhas meia boca como Teenage Fan Club ou Screaming Trees (que levariam um pau fácil de qualquer Icicle Works ou Red Lorry Yellow Lorry da vida) são consideradas clássicos. Curioso que uma das minhas bandas favoritas, o Apoptygma Berzerk começou a lançar discos em 93, mas eu sempre preferi considera-los como latecomers dos 80s.

(E se quiserem explicar para vossos leitores, se é que os há, a razão de um "famoso quem?" como eu estar sendo entrevistado, publiquem alguns dos links abaixo, ou todos eles)

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