quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Alex Antunes e a "Maldição" do Segundo Disco.



Não é maldição. é uma contingência real. 
No tarô, o arcano 1 é o mago, o comunicador. A passagem do 0 para o 1 (lançamento do primeiro álbum) é um magnífico investimento de energia, do louco (0), a energia caótica, para o foco da realização (1). 

Mas o arcano 2 (a sacerdotisa) traz consigo essa caracteristica de um conhecimento mais profundo (adquirido com a experiência do lançamento e da exposição à realidade e ao feedback) e de uma espécie de timidez ou contenção: para desdobrar 1 em 2 não é necessária mais energia, mas uma espécie de coragem moral em se assumir o que se significa. esse é o bode metafísico. 


É por isso que o Paulo Coelho sempre diz que, "O que acontece duas vezes, acontecerá uma 3a.". Porque estamos no domínio dos arquétipo básicos femininos: sacerdotisa -> imperatriz (3), e o significado dessa é o dos ciclos naturais. 

Uma banda de 1 disco "comunicou". 
Uma banda de dois discos "reconheceu-se". 
Uma banda de 3 discos "existe". 

ESSA É A GRANDE BURRADA DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA: ficar na camada do 1. Qualquer projeto artístico consequente tem que prever 3 lançamentos.


Colocando em outras palavras, o segundo disco, por definição, é “um assunto interno”. Se não for tratado com essa sutileza, flopa.


Estourar no segundo disco como o NIRVANA, deveria ser bom né ? Ou LANCINANTE porque aí o artista foi consumido como uma espécie de profeta recalcitrante. É um pouco o caso da legião também.

Estourar no 3o. álbum é o bicho. ou a bicha.
Titãs estouraram no terceiro. Isso deu uma solidez que eu gostaria que não existisse. Um ótimo exemplo e o XTC. O White Music é meio disforme, apesar de talentoso. O Go2 é muito ensimesmado. O Drums and Wires é luminoso.

Alex Antunes é Jornalista, Escritor, produtor e uns lances ai.